Em primeiro lugar os meus parabéns ao Destro por um post muito bem fundamentado e por incrível que pareça equilibrado. Acho que é a primeira vez que te vejo "indeciso" ou pelo menos sem uma inclinação clara a favor de um dos lados!
Quanto ao referendo concordo que a forma como a campanha tem sido feita não esclarece niguém. Tanto, os que do lado do NÃO usam o argumento dos custos para o Orçamento da Saúde, como, os que do lado do SIM que defendem que só está aqui em causa a despenalização, estão a prestar um mau serviço aos Portugueses.
Eu vou votar SIM porque sinto que ao fazê-lo não estou a obrigar ninguém a abortar e pelo menos não faço de conta que o problema não existe. Mas se o NÃO vencer não me admiro nada que as mesmas clínicas que em Espanha praticam IVGs dentro da lei o comecem a fazer em Portugal, já que a lei é em quase tudo idêntica. Concordo com aqueles que do lado do NÃO defendem que o aborto não deve ser usado como um método contraceptivo, mas penso que eu não tenho o direito de impor a alguém uma gravidez não desejada. Quero acreditar que se o SIM vencer muitas mulheres terão a oportunidade de fazer a sua escolha com mais apoio e aconselhamento e quem sabe se isso não as ajudará a tomar outra decisão que não a de abortar?
Já sei que estou a ser lírico e idealista, mas, o que não posso admitir é que se continuem a julgar as mulheres que recorrem ao aborto clandestino em condições deploráveis e se feche os olhos a quem tem dinheiro para ir a Badajoz fazê-lo. Se a lei é para aplicar como é possível que se permita que nos jornais portugueses surjam anúncios a clinicas de IVG em Espanha.
Não pretendo mudar a vossa opinião nem converter-vos às minhas convicções, apenas desejo que no dia 11 não fiquem em casa. Vão votar, porque só assim conseguiremos encerrar este assunto. Caso contrário, seguramente que dentro de alguns anos voltaremos a passar pelo mesmo.