sexta-feira, agosto 01, 2008

Que grande filho do Freitas* 2

Outra pérola publicada pelo mesmo senhor, na mesma publicação.

“A Chicago dos anos 30”

É como se o Porto se estivesse a tornar numa arena de bandidos que um dia já foram mais poderosos, e hoje perderam o tino e a razão.

Domingos Amaral

Aqui há uns anos, quando regressou ao Porto já como treinador do Chelsea, José Mourinho trouxe uns seguranças com ele. Tinham existido uns problemas com alguns adeptos do FC Porto, um deles cuspiu-lhe durante um jogo em Inglaterra, e Mourinho temia que as coisas pudessem dar para o torto. Quando lhe perguntaram porque é que trazia seguranças, Mourinho respondeu simplesmente: “quando vou a Palermo tenho de tomar cuidado”. Assim, sem tirar nem pôr. O homem que durante dois anos e meio treinara o FC Porto, levando-o a dois títulos de campeão nacional, uma Taça de Portugal, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões, um palmarés nunca antes conseguido por nenhum treinador, esse mesmo homem, que conhecia muito bem o Porto (cidade), referia-se à Invicta como Palermo!

Palermo…As associações com a mafia eram evidentes. Mourinho estava bem consciente do que se passava nos ‘bas fonds’ da cidade, e sabia que esses ‘bas fonds’ se tinham aproximado em demasia do poder no FC Porto. Na época, os SuperDragões andavam de braço dado com Pinto da Costa, e também com Carolina Salgado, com quem o presidente do FC Porto vivia. Os homens fortes da claque tinham assento na tribuna de honra do Dragão e jantavam com o presidente. Contudo, toda a gente, incluindo Mourinho, sabia que essa tropa de choque era composta por gente perigosa, gente que andava armada, cometia crimes, e não tinha qualquer tipo de escrúpulos.

Os tempos passaram, e agora, ao examinar a longa lista de assassinatos que têm acontecido na “noite” da cidade do Porto, é inevitável mas lá estão as relações aos SuperDragões. Alguns dos mortos, e alguns dos supeitos, pertencem ao mesmo grupo que rodeava o presidente do FC Porto na época em que ele foi chamado ao tribunal de Gondomar e levou os SuperDragões para intimidar os juízes. A sensação que fica é que estas proximidades são perigosas, e que um dia ainda acabam mal.

Entretanto, as mortes sucedem-se no Porto. Primeiro foi um segurança, depois um porteiro, depois um dos mais conhecidos empresários da noite, e por aí fora tem continuado a matança. Seis são já os corpos, crivados de balas, de pistola, ‘shotgun’ ou metralhadora. Sim, leu bem, metralhadora. À porta de casa, à porta das discotecas, no meio da rua, grupos armados param carros, ajustam a mira e matam quem desejam matar, com violência. Fala-se em “ajustes de contas”, em “guerras da noite”, mas a verdade é que a lista de mortos não pára de aumentar.

Alguém mais inspirado, julgo que do PSD, veio dizer que o Porto parecia “a Chicago dos anos 30”. A metáfora não é totalmente desajustada. Palermo, Chicago, tudo lugares míticos do crime, o que significa que para a psicologia do Porto isto é algo de traumatizante. Para mais, a PJ parece não querer intervir. Até agora, ainda ninguém foi preso. Seis meses depois de começarem os homicídios, a PJ não se decidiu ainda a intervir. A mensagem que passa é “deixem-nos matar-se uns aos outros”. É como se a PJ soubésse que o que se está a passar é uma guerra dentro dos ‘gangs’ pela supremacia na noite do Porto e preferisse estar sentada no alto do monte, observando a guerra à distância, enquanto os ‘gangs’ se matam entre si.

É verdade que, até agora, os crimes ainda não atingiram o público. O alarme social é mais distante. Ninguém que frequente a “noite” do Porto teme pela sua segurança ou pela sua vida, porque os ‘gangs’ não querem gerar o caos social, mas apenas lutar entre si. E, sendo assim, o perigo é menor. Não se trata de gente que mate indiscriminadamente, ou que queira pôr o negócio da noite em risco. Bem pelo contrário. Os assassinatos são cirúrgicos, operações especiais cujo único objectivo é eliminar mais um membro de um ‘gang’ e não assustar a malta que vai à discoteca.

Seja como fôr, fica uma ideia de um Porto criminoso, um Porto perigoso. É como se a cidade se estivesse a tornar numa arena de bandidos que um dia já foram mais poderosos, e hoje perderam o tino e a razão.


*Freitas - s. m., erud., puta; prostituta; rameira; meretriz.

Que grande filho do Freitas*

Caos no futebol
A UEFA não gosta de “batoteiros”. Para grande espanto dos portistas foi isso que Platini chamou ao FC Porto: um clube “batoteiro”.
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Vamos aos factos: o FC Porto e o seu presidente Pinto da Costa envolveram-se perigosamente com árbitros há uns anos. Quando o caso se tornou público, foi feita uma investigação e, muitos meses mais tarde, o Conselho de Disciplina da Liga condenou o FC Porto à perda de 6 pontos, e o seu presidente a dois anos de suspensão. Como o campeonato já ia no fim e o FC Porto levava 18 pontos de avanço, os dirigentes portistas reagiram com arrogância e galhofa a uma condenação que sentiram como umas cócegas inofensivas. Com típica esperteza saloia, decidiram que o clube não iria recorrer da decisão, só o presidente o iria fazer. Assim, descontavam os pontinhos este ano e não se falava mais no assunto.
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Esqueceram-se dum pequeno detalhe: a UEFA. Ao não recorrer para não perder pontos no ano seguinte, o FC Porto reconhecia-se como culpado. Ora, a UEFA, já dissera o seu presidente Platini, não gosta de “batoteiros”. Convém repetir a palavra, para que ela penetre bem nos nossos duros ouvidos: “batoteiros”. Platini chamou ao FC Porto um clube “batoteiro”. Era portanto mais ou menos esperado que a UEFA iria condenar o FC Porto. Mas, quando tal bomba surgiu, os portistas de imediato gritaram furiosos que era tudo uma grande conspiração do Benfica contra eles!
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É importante relembrar que não foi o Benfica que não recorreu da decisão do CD da Liga, mas sim o FC Porto; nem foi o Benfica que decidiu impedir o FC Porto de participar nas provas europeias, mas sim a UEFA. Contudo, os escribas portistas davam a entender que as decisões eram tomadas pelo Benfica!
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Perante o profundo choque, os juristas do FC Porto meteram-se num avião para a Suíça a correr, e recorreram para um misterioso tribunal de que ninguém antes tinha ouvido falar, o Tribunal de Apelo da UEFA. Aí, depois de pressionarem publicamente o funcionário da FPF para ele não se armar em esperto, conseguiram convencer a malta europeia que o caso em Portugal ainda não tinha terminado, porque o Conselho de Justiça da FPF ainda iria apreciar o recurso que Pinto da Costa, em nome individual, tinha metido.
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Regressaram por isso a Portugal todos ufanos! O FC Porto afinal, ia mesmo participar na Liga dos Campeões! Pelos vistos, a malta da UEFA não era benfiquista mas sim portista, e por mais que Platini dissesse publicamente que a coisa não iria ficar por ali, os portistas acharam que tinha sido feita justiça!
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Faltava a última etapa: o Conselho de Justiça da FPF ia apreciar o caso, era preciso que ele desse uma decisão favorável a Pinto da Costa! Iniciou-se assim um processo subterrâneo na tentativa de influenciar o CJ. O presidente era amigo de Valentim em Gondomar, e o vice era grande amigo de Pinto da Costa, até lhe organizava homenagens na Assembleia da República. A coisa parecia estar no papo!
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Contudo, no dia da votação, a maioria dos conselheiros do CJ não quis ir na conversa do seu presidente e do seu vice. Que faz então o presidente do CJ ? Bem, como não conseguiu expulsar um dos conselheiros, decidiu acabar com a reunião ali mesmo! Qual votação, qual carapuça! Se a votação é para perder, acaba-se já isto e toca a lavrar acta! Mas, para espanto do presidente e do vice, que fugiram dali como dois cobardolas, os outros conselheiros ficaram e até votaram! O desastre portista ficava à vista de todos!
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O presidente do FC Porto perdia o recurso, e portanto ficava exposto a uma decisão final da UEFA contra o seu clube. Uma tragédia no Dragão, coisa que ninguém esperava e ninguém previra! Podia lá ser! Uma fúria imensa levantou-se, e foram iniciadas pressões sobre a FPF para que isto não ficasse assim! O FC Porto jamais aceitará que cometeu erros e que usou estratégias erradas. Primeiro, há que rebentar com a credibilidade dos órgãos da FPF, da Liga, o que for preciso. Aproveitando-se deste campo minado que é o futebol luso, o FC Porto tenta de tudo para evitar enfrentar a dura mas óbvia realidade: cometeu erros graves e tem de pagar por eles. É assim a vida.”

Opinião publicada no diário económico por Domingos Amaral, Director da revista “GQ”, o filho do homem "isento" fora do futebol, que vendeu o "seu" parecer à federação.

É preciso referir um pormenor, é que este artigo, foi publicado antes de ser conhecido o parecer do papá.

*Freitas - s. m., erud., puta; prostituta; rameira; meretriz.


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