Já há imenso tempo que tenho vontade de escrever sobre o programa "Grandes Portugueses" da RTP. Desde o seu início que o programa tem sido a origem de acesas discussões e trocas de argumentos, o que não deixa de ser salutar, tal o amorfismo da televisão Portuguesa.
Chegamos agora ao momento em que de uma lista de 10 nomes há que escolher o melhor de entre os Lusitanos.
Em primeiro lugar há que salientar que nenhum dos candidatos se encontra no reino dos vivos, o que não é de estranhar, já que por norma valorizamos sempre muito mais as virtudes dos mortos do que os seus defeitos em vida.
Ao contrário do que muita gente vem afirmando, não me choca nem escandaliza o facto de Salazar estar nesta lista, já que considero que a sua presença é um sinal de que a democracia Portuguesa se encontra perfeitamente consolidada. Temos neste momento a liberdade suficiente para votar em quem quisermos e expressar a nossa opinião sem corrermos o risco de ir parar a um calabouço como acontecia há menos de 50 anos.
Não vou estar a falar das virtudes e defeitos de cada candidato, porque para mim nesta lista o único em quem voto sem hesitações é
Aristides Sousa Mendes. Aliás, a grande virtude deste programa foi ter dado a conhecer a Portugal um seu cidadão que numa altura crítica da história da humanidade soube estar do lado correcto e assim contribuir para que milhares de pessoas escapassem aos nazis. O sacrificio pessoal que enfrentou por no espaço de 2/3 dias ter concedido mais de 30 mil vistos de entrada em Portugal a pessoas (pensa-se que maioritariamente judeus) que procuravam fugir de frança em 1940 faz dele uma personagem ímpar. Desobedeceu a todas as ordens que o regime ditatorial de Salazar lhe fez chegar e com essa opção viu toda a sua vida desmoronar-se, já que foi aposentado sem direito a reforma e os seus filhos impedidos de frequentar a universidade. Acabou por morrer na miséria em 1954, sendo que só nos anos 80 o estado Português o reabilitou postumamente. Por tudo isto e muito mais o meu voto vai para este homem.