domingo, dezembro 31, 2006
sábado, dezembro 30, 2006
Mais um Passo em Frente
O Iraque acaba hoje de dar mais um passo em frente no sentido de se tornar uma verdadeira democracia ocidental ao bom estilo americano.
A execução de Saddam se bem que baseada num julgamento que presumo ter sido justo não pode ser encarada com alegria e felicidade. Compreendo que quem viveu sobre o seu jugo ditatorial durante quase 30 anos e sofreu com a brutalidade do seu regime possa sentir que acabou de ser feita justiça. Mas para todos os que defenderam que a invasão do Iraque e o derrube de Saddam dariam origem a uma democracia inspiradora para os restantes países muçulmanos o que se passou hoje só pode ser visto como uma derrota.
Por príncipio sou contra a pena de morte porque julgo nos dias de hoje a máxima de olho por olho, dente por dente já não faz sentido. A nossa evolução levou-nos a um estádio de desenvolvimento e maturidade em que executar alguém pelos seus crimes é tornarmo-nos nós próprios criminosos.
Neste caso, penso que a situação ainda é mais grave porque como dizia um Iraquiano que vive em Inglaterra exilado há vários anos, Saddam acaba por ser condenado e executado por um crime que não entraria no Top 20 dos seus actos mais sanguinários e desprezíveis. Ficarão assim por julgar os casos de utilização de armas químicas contra os curdos ou a repressão dos xiitas após a 1ª Guerra do Golfo. Talvez isso seja do interesse de todos, já que poderiam vir à baila questões como: Quem forneceu ao Iraque as suas armas químicas durante os anos 80? Como foi possível que a seguir à 1ª Guerra do Golfo as forças da Coligação deixassem que Saddam reprimisse violentamente uma sublevação no Sul do Iraque numa altura em que essa zona era vigiada por aviões dos EUA e Inglaterra.
Volto a afirmar que nada disto torna Saddam um homem inocente!!! Mas preferia vê-lo «apodrecer» numa cadeia do que dar-lhe a oportunidade de se tornar um mártir e deitar mais uma acha para a fogueira que diariamente consome o Iraque.
Consequências do Natal - Livros em lista de espera
Numa altura em que muitos falam que se estão a perder as tradições ligadas ao Natal, existe uma velha tradição que em minha casa se mantêm e espero que nunca termine.
Quando há uns anos deixei de ligar aquelas prendas de míudo que nos deixavam com um brilhozinho nos olhos e cheio de vontade de as mostrar aos nossos amigos, os meus pais depararam-se com um grande dilema: e agora o que é que lhe oferecemos???
Primeiro tentaram a abordagem democrática do... O que é queres ou precisas para o Natal? Como a minha resposta invariavelmente era "Nada" ou, então "Um livro chega", a tradição acabou por pegar. Desde então sei sempre que Natal=Livros. Não é que não receba outras prendas, mas será sempre a prenda e um Livro.
A grande consequência desta tradição é que começo sempre o ano com uma longa lista de espera de livros. Deixo-vos a minha companhia para as noites e viagens dos próximos meses:
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Egocentrismo
Recentemente estive em Nova Iorque e aproveitei para comprar alguns livros. Um deles já tinha tentado comprar vezes sem conta em portugal mas estava sempre esgotado. Só quando cheguei a Portugal e comecei a ler o livro é que reparei num pormenor bastante interessante, o título do livro no mercado americano era substancialmente diferente da versão original (Inglesa) e de todas as edições efectuadas pelo mundo fora. Ora vejam as duas capas e descubram a diferença:
Versão Original Versão Americana
Pois é, quando passamos a fronteira dos EUA o Mundo rapidamente se encolhe para ficar do tamanho da América. A única justificação para esta pequena alteração é que com este título concerteza o livro venderá mais. Esta visão reduzida do mundo é facilmente notada se virem um qualquer canal de televisão americano em que as notícias se baseiam quase em exclusivo nos acontecimentos locais (da cidade ou Estado) e nacionais. Actualidade internacional só mesmo o Iraque e pelos motivos que conhecemos.
Quanto ao livro em si, trata-se de uma teoria (baseada em alguns factos e muitas suposições) que defende que os chineses terão entre 1421 e 1423 descoberto quase todo o mundo (Austrália, África, América e circum-navegado o Mundo), ou seja ultrapassando os Portugueses que na altura estavam a iniciar a época dos Descobrimentos.
Já nem nisto nos deixam ser os primeiros...
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Dave Matthews Band em Portugal
Finalmente uma óptima notícia - no próximo dia 25 de Maio a Dave Matthews Band irá actuar no Pavilhão Atlântico. Este concerto inclui-se na sua mini digressão pela Europa. Depois de quase 10 anos à espera parece que vou ter a oportunidade de os ver ao vivo.
Eu já tenho bilhetes, e vocês???
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Problemas na visualização do blog
Ja devem ter reparado que o Blog está com uma formatação um pouco estranha. Aparentemente este problema deve-se ao último post que publiquei. Se utilizarem outro browser da Internet (Firefox por exemplo) a página vai aparecer com um aspecto mais normal, mas com o Internet Explorer só conseguem ver os posts se forem para o fundo da página.
Vou tentar resolver este problema mais logo.
sábado, dezembro 02, 2006
Metro do Porto - alguns esclarecimentos e comentários
A semana que agora terminou foi tudo menos positiva para o Metro do Porto. Se não vejamos:
1 - estação do campo 24 de Agosto esteve encerrada vários dias em resultado do mau tempo
2 - um casal da Guarda conseguiu o feito de percorrer com o seu automóvel quase 1 Km do túnel de S. Bento
3 - uma auditoria do Tribunal de Contas acusa a gestão da empresa Metro do Porto de várias irregularidades e questiona a atribuição de cartões de crédito aos admnistradores não executivos.
Esta auditoria do tribunal de contas já levou a uma vigorosa e violenta resposta por parte da administração do Metro do Porto. Ao mesmo tempo as conclusões desta auditoria servem que nem uma luva ao Governo, já que recomendam que este assuma a maioria do Capital social da empresa e a sua gestão. Que o Estado o faça não me incomoda minimamente, já que se é ele que em última instância paga as obras e serve de avalista aos empréstimos contraídos terá todo o direito de tomar as rédeas da gestão. O que não aceito é que para justificar essa decisão se sirva dum ataque à gestão levada a cabo pela comissão executiva do Metro liderada por Oliveira Marques. Não aceito também que se fale tanto na comunicação social dos custos das obras do Metro do Porto e do dinheiro que o Estado gasta nesta empresa, quando a realidade é que se compararmos as empresas de transportes públicos do Porto com as de Lisboa chegamos a conclusões muito interessantes. Se não acreditam vejam o quadro seguinte:
1 - estação do campo 24 de Agosto esteve encerrada vários dias em resultado do mau tempo
2 - um casal da Guarda conseguiu o feito de percorrer com o seu automóvel quase 1 Km do túnel de S. Bento
3 - uma auditoria do Tribunal de Contas acusa a gestão da empresa Metro do Porto de várias irregularidades e questiona a atribuição de cartões de crédito aos admnistradores não executivos.
Esta auditoria do tribunal de contas já levou a uma vigorosa e violenta resposta por parte da administração do Metro do Porto. Ao mesmo tempo as conclusões desta auditoria servem que nem uma luva ao Governo, já que recomendam que este assuma a maioria do Capital social da empresa e a sua gestão. Que o Estado o faça não me incomoda minimamente, já que se é ele que em última instância paga as obras e serve de avalista aos empréstimos contraídos terá todo o direito de tomar as rédeas da gestão. O que não aceito é que para justificar essa decisão se sirva dum ataque à gestão levada a cabo pela comissão executiva do Metro liderada por Oliveira Marques. Não aceito também que se fale tanto na comunicação social dos custos das obras do Metro do Porto e do dinheiro que o Estado gasta nesta empresa, quando a realidade é que se compararmos as empresas de transportes públicos do Porto com as de Lisboa chegamos a conclusões muito interessantes. Se não acreditam vejam o quadro seguinte:
| Porto | LISBOA | ||||||
| Metro | STCP | Metro | Carris | ||||
| 2005 | 2006 | 2005 | 2006 | 2004 | 2006 | 2005 | 2006 |
Passageiros (milhares) | 18.481 | 36.000 | 209.100 | 200.000 | 179.700 | 191.280 | 222.800 | 210.000 |
Receitas por passageiro | 0,55 € | | 0,25 € | | 0,28 € | | | |
Subsídios exploração (milhares de euros) | 2.245,6 | 2.522,9 | 14.525 | 16.318,4 | 19.063 | 22.723,2 | | 45.458,5 |
por passageiro | 0,12 € | 0,07 € | 0,07 € | 0,08 € | 0,11 € | 0,12 € | | 0,22 € |
Funcionários | 137 | | 1796 | | 1717 | | 2787 | |
Passageiros por Funcionários | 134.898 | | 116.425 | | 104.659 | | 79.943 | |
Analizando a receita por passageiro verificamos que em média no Porto cada passageiro pagou 55 cêntimos por viagem, enquanto que em Lisboa esse valor se ficou pelos 28 cêntimos, resultado das diferenças verificadas nas tarifas praticadas. Caso não saibam o Metro do Porto é significativamente mais caro que o de Lisboa, dado que existe a intenção de que seja o utilizador a suportar o custo real da viagem e não o Estado. Pelos vistos em Lisboa não existe essa perspectiva.
Passando às indemnizações compensatórias que o Estado atribuí pela prestação do serviço público mais uma vez detectam-se algumas desigualdades. Em 2005, o Metro do Porto recebeu 12 cêntimos por cada passageiro, valor semelhante ao atribuído ao de Lisboa para o ano de 2004. Mas em 2006 a situação altera-se, já que o Metro do Porto vê duplicar o nº de passageiros mas a indemnização apenas sobe 12% o que dá cerca de 7 cêntimos por passageiro. Para o Metro de Lisboa o cálculo foi diferente e irá continuar a receber os mesmos 12 cêntimos. Se olharmos para os STCP e a Carris a diferença ainda se acentua mais, já que em 2006 os autocarros do Porto receberão 8 cêntimos por passageiro contra os 22 cêntimos atribuídos à Carris de Lisboa.
Para terminar fui comparar o rácio entre passageiros transportados e o nº de funcionários das empresas de transportes. A conclusão foi que em média o Metro do Porto e os STCP transportam muito mais gente por funcionário do que o que se verifica no Metropolitano de Lisboa e na Carris. Ou seja serão em princípio mais eficientes e com menores custos laborais. Isto sem falar nos dias de paragem provocados por Greves nos transportes públicos de Lisboa Vs os do Porto.
Acrescento ainda que para 2006 (segundo notícia do DN) prevê-se que em conjunto o Metro do Porto e os STCP apresentem um prejuízo de 89 milhões de euros contra os 202 milhões de euros de prejuízo previstos para o Metropolitano de Lisboa e a Carris. Por passageiro daria 38 cêntimos de prejuízo no Porto e 51 cêntimos em Lisboa!!!
Pelos vistos o melhor seria mesmo que o Governo assumisse a gestão do Metro do Porto, poderia ser que assim o tratamento dado fosse igual ao de Lisboa. Isto para não falar do facto de a expansão da rede do Metro do Porto estar neste momento congelada, ao contrário do de Lisboa que inclusivamente vai gastar alguns milhões de euros a ligar a Estação do Oriente ao futuro ex-aeroporto da Portela.
Concluindo o meu raciocínio, sou capaz de aceitar as críticas feitas ao Metro do Porto, porque acho que este não é perfeito e ainda não atingiu a totalidade das suas capacidades, para além de durante muitos anos ter servido de palco a lutas e tricas entre os autarcas da região. Mas o mais grave é que todas as obras públicas e dinheiro gasto no Porto sejam sempre tão questionados ao contrário do que se passa com o investimento público realizado em Lisboa.
P.S.-todos os cálculos foram efectuados com base nos Relatório e Contas da Metro do Porto (2005), STCP (2005) e Metropolitano de Lisboa (2004, já que o de 2005 ainda não foi aprovado). Quanto à Carris, não consegui encontrar disponível na net o seu Relatório e Contas