Este foi (e está a ser) o ano da casa, logo as férias já iam ser comedidas.
Mal sabia aqui a senhora que no dia em que iria cair (ou sair da conta) a primeira prestação da casa, iria também ser o dia em que começava a ter de lidar com o desemprego.
Uns queridos amigos ofereceram-nos a sua fabulosa casa durante uma semana. E lá fomos nós para a mouraria.
Carcavelos, essa praia que em tempos não havia lugar para esticar toalha, estava com metade da lotação. Apesar de nunca ter acreditado no "arrastão", confesso que evitamos ir àquela praia. Fomos a outras vizinhas e estávamos há 5 minutos na praia de Santo Amaro de Oeiras e um rapaz (branco) foi ter com o Cabo de Mar (negro) e disse "Um black roubou-me o boné!". Pronto. Foi o necessário para não deixar de vista a minha mochila a tarde inteira. Iamos a banhos um de cada vez.
Os amigos que já estão habituados a estas "lides" da capital riram-se, mas o facto é que não fomos mais para aquela praia. Descobrimos outras bem agradáveis lá perto.
Mas isto tudo para dizer que finalmente tive de lidar com o meu "racismo" que esteve escondido estes anos todos. Sim, tive medo dos gangs (não só de pretos, mas também de brancos) que se passeiam nos areais e nas viagens de comboio na linha de Sintra-Cascais.
Contaram-me lá em baixo que em tempos havia um tipo que entrava com os seus compinchas no comboio e apresentava-se "Olá, nós somos o gang do boné, passa para cá tudo", ainda nos rimos com a caricatura, mas deve ser uma situação aterrorizadora.
Na noite andamos sem problema algum e sem medos. Estranho não é?
De salientar a grande noite que passamos no "Plateau", a discoteca mais antiga de Portugal (pergunta do Trivial) onde recordamos o nosso Batô.
Obrigada amigos pelas nossas relaxantes férias.