A importância das fotos
A fotografia sempre foi uma arte que me fascinou, não por achar que tenho jeito para isso nem porque goste de ser fotografado, mas simplesmente pela possibilidade que nos dá de captar um instante único e irrepetível. O vídeo permite-nos gravar tudo o que queremos e também o que não queremos dando-nos todos os detalhes e pormenores, mas continuo a preferir as fotos. Prefiro-as, porque mesmo quando são desinteressantes é fácil passar à frente e ver apenas as que mais gostamos, não temos que ouvir a nossa própria voz, que para mim é sempre uma experiência estranha já que não me reconheço e também porque por muito que tentemos inventar ao tirar uma foto, nunca fazemos as figuras tristes de aprendiz de cameramen que normalmente fazemos ao pegar numa camera de vídeo. Se não fazem ideia do que estou a falar experimentem ver o vídeo da nossa passagem de ano e logo entenderão o que digo (aconselho sacos para enjoo, porque de tantas voltas que dei à camera aquilo é pior do que uma travessia do Cabo da Boa Esperança em dia de tempestade).
Relembrei-me de tudo isto ao ver a polémica do retrato de Freitas do Amaral que o PP enviou para a sede do PS. Para além de ser uma atitude típica de meninos mimados que nem vale a pena estar a aprofundar, esta rábula trouxe-me à memória outros casos em que as fotos tiveram um peso importante.
Ainda recentemente o nosso Primeiro-Ministro nomeado, demitido, demissionário e finalmente derrotado nas eleições teve a brilhante ideia de enviar a sua foto para todas as Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais já após a convocação das eleições. Eu até o compreendo, para quem todas as semanas saía nas revistas do Jet Set que são aquelas que normalmente a maioria do país lê, aparecer apenas nos jornais «sérios» devia ser problemático, por isso nada melhor do que mandar a sua foto para cada canto do país.
Só espero que a foto de Santana Lopes não tivesse a mesma característica que uma das fotos que mais marcou os nossos pais. Caso nunca tenham visto, ou ouvido falar, desde pequeno que me contam que a foto de Salazar que existia em todas as salas de aula e repartições públicas do país tinha essa particularidade assustadora de parecer estar sempre a olhar para nós. Como felizmente nunca vivi nesse período negro da nossa história não sei se seria mesmo verdade ou se não se tratava do reflexo da opressão vivida.
Será que nós os Portugueses temos algum problema relativamente aos retratos ou teriam os dirigentes do PP a sensação sinistra de que o Freitas do Amaral os seguia em todos os cantos???
Quanto ao suposto anti-americanismo do Freitas do Amaral, não acredito que vá reger a sua actuação enquanto ministro, mas também a verdade é que a simpatia pela política seguida pelo governo americano já teve melhores dias em Portugal...
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