quinta-feira, dezembro 22, 2005

Bullshit ou a arte de dar tanga

Têm vindo a público certas e determinadas acusações feitas a uma matéria sensível que incorre no facto de certas e determinadas pessoas não fornecerem opiniões quando lhes é solicitado (cf. “O Procedimento Cautelar Comum no Direito Processual do Trabalho", pág. 123 e mensagens recebidas via MsnMessenger, versão 7.0).

Não vou ceder a pressões, nem tomar isto como hábito. Mas dado que, durante certo e determinado período de tempo fiquei sem vir cá, aproveito para comentar os mais recentes posts colocados desde Setembro de 2004. Começo por ordem cronológica desde o mais recente, a saber:
O último post de Destro merece uma crítica contundente ao facto de que nem só de Cantigas vive o Homem, mesmo que seja Avô. Quero com isto dizer que os itens enumerados (Presidenciais, País e Futubolices) e o conteúdo expresso por Destro não podem ser os alicerces de avaliação da nossa sociedade ou comunidade. Há vida para lá disso. Os mundos de hoje vivem, certamente, de influência, poder e tendências. É certo que o lugar de presidente de um país, de um clube da 1ª liga, ou de sócio-gerente de uma empresa subcontratada por uma câmara municipal e que acumula funções políticas, são posições que potencialmente teriam o calibre que referi. Mas duvido que na prática o sejam. Estou convencido, pelo que fui observando, que quem de facto, cria poder consegue-o porque cria conhecimento, desenvolvimento, é exigente no ambiente que o rodeia. Os poderosos do nosso tempo possuem a capacidade ou oportunidade de sair do que é estabelecido, de saberem que ter notoriedade pública não é a mesma coisa que concorrer por um lugar público de notoriedade. Fazem-no sem recompensas e são conhecidos entre os seus. Faço um esforço por destacar o que melhor nos rodeia. Temos exemplos à nossa volta de pessoas assim? Sim. Talvez não foram convidadas para debates, aparecerem nos jornais, mas têm o poder de nos desinquietar. A opinião sobre o que nos rodeia é importante, mas temos particularmente de ser muito bons naquilo onde temos capacidade de mudança. Não existe a função de “Coordenador para Seleccionar Candidatos Mediáticos”; não existe a função de “Executivo de Cabalas contra o Norte”; não conheço o “O Gajo que dá mais dinheiro ao FCP do que ao Boavista”. Como na Natureza, a mudança vem de dentro para fora. O efeito descrito na Teoria do Caos onde existe uma subtil ordem num ambiente aparentemente aleatório (Lorenz, 1960) aplica-se bem ao universo descrito por Destro, em 2005: o que é visível são opções por vezes difíceis de decifrar lógica mas a subtileza das nossas acções é o garante de uma ordem.

Acrescento sobre Destro, referência a duas úteis bibliografias. A primeira é obrigatória e conhecida por todos: Oxford Studies in Ancient Philosophy : Volume XVII de 1999, magnificamente escrito por Sedley que aliás já nos tinha espantado com Oxford Studies in Ancient Philosophy : Volume XVI de 1998. A segunda referência é ao actualíssimo Wikipedia, que recebeu, aliás, fortes encorajamentos da revista Nature como centro livre de saber e troca de cultura entre povos. O excerto que vos trago é sobre o que Destro, sabiamente, nos queria dizer:

Tanga (Portugal)
From Wikipedia, the free encyclopedia.
In Portugal, Tanga (aproximate translation: bullshit) is understood as telling something common sense or vulgar (or just plainly untrue) in a solemn or knowledgeable tone. It's used as a way out of an embarrassing situation (often within the context of a widely used problem solving technique known as Desenrascanço) or as a way of people showing-off a superior knowledge in a subject they know very little about.

The plural form, Tangas, applies to a person who tells (or "gives" -- the right expression is "dar a Tanga", Portuguese for "giving the Tanga") an awful amount of Tanga. It is frequently used to refer to salespersons, politicians, people in managerial positions and soccer clubs' presidents. Example: "O Michel é um Tangas", Portuguese for "Michel is a Tangas".

Tanga is also used as an expression that defines a short, ragged underwear, typical of African natives. In this context, tanga (common Portuguese expression "andar de tanga", meaning "strolling with a tanga") refers to the individuals that don't have enough money to buy proper clothes - poor.


[gostei particularmente do exemplo “Michel is a Tangas”; experimentem substituir Michel por Soares, Silva ou Torres e é uma barrigada de riso!].

Posto isto, passemos ao post seguinte, desta vez trazido pela carinhosa “Alface… Que Não Há Maneira De Se Desmarcar Que Isto É Um Blog de Nortenhos …cinha”. O intuito com que nos escreve é de louvar. Bem como o cuidado tido na escolha da prenda com que nos brindou nesta quadra. Pois claro, Flanagan falava-nos em 1991, de exemplos como estes em Varieties of Moral Personality: Ethics and Psychological Realism.
Deixemo-nos de bullshit. Continuo agora a falar a sério. Junto a ideia que tentei passar há pouco, a uma mensagem do que é o meu entendimento do rapaz que está para nascer nestes dias: símbolo de paz e de desafio de sair dos círculos viciosos do poder.
“Após longa espera, irrompe finalmente o esplendor do Dia novo. Nasceu o Messias, o Emanuel, Deus connosco! Nasceu Aquele que foi preanunciado pelos profetas e longamente invocado por aqueles que «andavam nas trevas». No silêncio e na escuridão da noite, a luz faz-se palavra e mensagem de esperança.
Mas porventura não contrasta esta certeza de fé com a realidade histórica em que vivemos? Diante dos factos inumanos que ouvimos nos noticiários, esta palavra de luz e de esperança parece um sonho. Mas é nisto mesmo que se encerra o desafio da fé, tornando este anúncio simultaneamente consolador e exigente. A fé faz-nos sentir envolvidos pela ternura amorosa de Deus e ao mesmo tempo empenha-nos activamente no amor de Deus e dos irmãos”.


[o texto é de um também de um padre, era polaco mas trabalhou muitos anos em Roma; publicou várias encíclicas a que tinha o hábito de dar títulos em Latim]


Relativamente ao terceiro post, quero dar os parabéns a Mikky_Driver_Jump, seja lá quem ele for (vou pesquisar na Wikipedia) ou ande ele com que volantes andar. Tenho a certeza que na estrada da vida, o Mikky levará consigo um bem-haja deste grupo. Se conduzires, não “miques”!

Bem, confesso aqui que sou um falhado. Um espirro de tinta permanente. Como os vírus, um ser parasita incapaz de se reproduzir sem um hospedeiro. Não vou conseguir comentar os posts todos desde Setembro de 2004. Mas prometo andar de olho nos futuros. E já agora, parabéns aos mais resistentes.
Apesar de algumas risotas (repararam?), não quis tirar seriedade a todas as referências (sobretudo de posts) que mencionei. Tenho a certeza que saberão distinguir o trigo do joio. O joio (o que raio é um joio?) serviu para vos alegrar nestes dias. Desejo a todos um enorme sorriso quando correrdes para junto das vossas famílias (as tradicionais ou por bens adquiridos) neste tempo de concórdia e simultaneamente de desassossego.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Para consultar mais sobre essas coisas, esqueçam a wikipedia e passem à uncyclopedia

http://uncyclopedia.org/wiki/Main_Page

10:48 da manhã  

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