domingo, outubro 29, 2006

Ranking das Escolas 2006 - uma análise pouco científica

Seguramente que devem ter reparado num dos rankings das escolas publicados e divulgados na semana passada por todos os jornais e televisões. Este ranking, apesar de apresentar resultados diferentes consoante o método de análise e tratamento dos dados tem sido utilizado para salientar quais as escolas públicas e privadas com os melhores resultados nos exames nacionais.

Invariavelmente as escolas privadas têm surgido nos primeiros lugares, verificando-se também que a grande maioria dos primeiros classifcados se situam em Lisboa, Porto e faixa litoral do país. Tal como em anos anteriores resolvi dar uma vista de olhos mais aprofundada à listagem publicada e efectuar uma análise pessoal da mesma. Eis os resultados:

Ponto de Partida - lista publicada pelo "Expresso" referente às escolas com mais de 100 exames efectuados. Apenas vou utilizar as escolas classificadas até ao 150º lugar.

Quadro 1 - lista de escolas ordenada por resultados nos exames nacionais do 12º ano.

Esta será a listagem que todos vocês viram publicada nos jornais e televisões. No entanto, resolvi fazer um outro tipo de análise baseada na classificação interna dos alunos.

Quadro 2 - lista de escolas ordenada pela classificação interna dos alunos (nota do 3º período)

Das 20 escolas que surgiam no Quadro 1 apenas 12 se incluem nas 20 melhores a nível da classificação interna. Mais curioso ainda será verificarmos que algumas das escolas que aparecem no quadro 2 nem sequer estarem nas 100 primeiras quando analizamos as classificações dos exames.

Quadro 3 - lista de escolas ordenada por diferença entre nota interna e nota de exame


Verifica-se assim que existem diferenças assinaláveis entre as notas dadas pelas escolas e a classificação que os alunos obtêm nos exames nacionais. Se em muitos casos estas diferenças são uma forma das escolas facilitarem a conclusão do ensino secundário aos alunos, o mesmo não se passará quando estamos a falar do acesso ao ensino superior. Como todos sabemos, por vezes a entrada em alguns dos cursos mais concorridos decide-se por décimas, pelo que a classificação interna dos alunos assume quase tanta importância como a obtida nos exames nacionais. Se considerarmos que num exame nacional todos os alunos estarão em situação de igualdade, é obrigatório e lógico questionar as notas internas atribuídas e se consciente ou inconscientemente algumas escolas estarão a inflaccionar as notas dos seus alunos. Há quem fale mesmo em estratégia de Marketing de algumas escolas privadas que assim procuram atrair mais clientes/alunos.

Não digo em absoluto que existam casos de ilegalidade, mas acredito que se tratam de situações geradoras de injustiças e que como tal deveriam ser investigadas pelo Ministério da Educação. Tão importante como perceber porque umas escolas são melhores ou piores nos exames nacionais é sem dúvida alguma saber a razão pela qual algumas escolas têm, ano após ano diferenças significativas entre as suas classificações internas e as notas dos exames, por forma a que o ensino e o acesso ao ensino superior seja feito em situação de igualdade por todos os alunos.

Quadro 4 - Lista de escolas que mais regrediram ou progrediram nos exames nacionais face à classificação interna.

Em jeito de conclusão gostaria de dizer que me parece óbvio que catalogar as escolas simplesmente através destes rankings é demasiado redutor, mas ao mesmo tempo trata-se de informação que permite identicar algumas das falhas do nosso sistema educativo e do fosso que se alarga entre público/privado e litoral/interior.

Pequeno aparte:
Quase sem excepção os professores das escolas melhor classificadas apontam como um dos principais factores impulsionadores do seu sucesso a estabilidade do corpo docente, pelo que me custa entender que tenha havido tanta polémica e contestação quando o Ministério da Educação propôs que a colocação dos professores se fizesse por períodos de 3 anos.

P.S. - Como o próprio título deste post pretendia indicar, a análise efectuada não pretende ter qualquer tipo de validade absoluta, tratando-se tão só de interpretar os dados que foram publicados nos meios de comunicação social por uma perspectiva um pouco diferente. Pensava que tinha tido uma ideia original, mas na passada semana a SIC abordou este mesmo tema. O Destro poderá testemunhar que este post já estava a ser elaborado há pelo menos 2 semanas, pelo que sinto que a minha ideia foi plagiada!!!

Free Web Counter
Free Website Counters